Equipe indígena Guarani-Kaiowá de futsal participa pela primeira vez de uma competição fora do estado
22/11/2023
Assessoria de Comunicação • Salvador | BA
O time feminino do Mato Grosso do Sul está disputando o Campeonato Brasileiro de Futsal sub 17, na Bahia
A equipe sul-mato-grossense perdeu na estreia por 7 a 0 para
o Colégio QI Questão, da Paraíba, pelo grupo A, da primeira divisão. A jornada
não começou como elas imaginavam. Apesar da goleada sofrida no Ginásio
Poliesportivo de Cajazeiras, em Salvador, a goleira da equipe, Brizineide
Duarte, 17 anos, manteve a confiança. “É claro que não queríamos perder.
Estávamos muito nervosas e não conseguimos jogar bem, mas vamos recuperar na
próxima partida”, disse.
Para a capitã do time Jaieli Benties, de 17 anos, o maior
desafio até agora foi a inédita viagem de avião. “No início tivemos um pouco de
medo, fiquei nervosa, mas depois passou e curtimos a viagem. Tudo está sendo
novo pra gente, mas estamos adorando a experiência”, garantiu a estudante
atleta.
Novidade - O futsal
feminino ainda é algo novo para os povos originários. Apesar da resistência da
cultura tradicional indígena, isso vem mudando a cada ano. É o que explica o
professor de educação física e treinador da equipe, Miller Borvão. “Faço um
trabalho com mais de 60 meninas na nossa comunidade. As famílias que acompanham
já observam esse elo de confiança que vem se fortalecendo e já pode ser visto
nas quadras, quando conseguimos, no primeiro semestre, a vaga para o Brasileiro
após a conquista da seletiva estadual, com a seleção toda montada com meninas
indígenas”, disse.
Ainda segundo o treinador,
o maior desafio é a diferença cultural dos povos. “Isso pesa muito e
elas se sentem pequenas. Mas o esporte é união entre os povos e graças a ele a
gente está na Bahia. Importante que elas vivam essa experiência de que a vida
não está somente nas aldeias. Existem várias possibilidades de conhecer outros
lugares e culturas. Por isso, somos gratos ao esporte”, conclui.
Curiosidade – As características físicas e a comunicação
entre elas chamaram a atenção da torcida, em sua maioria familiares das equipes
que estão participando da competição. Embora falem normalmente o português, as
meninas têm mais uma carta na manga, ou melhor, na fala. A troca de informação
entre elas é feita pela língua originária tupi-guarani. “Isso facilita muito a
nossa comunicação. Acaba sendo um ponto forte quando passo algumas orientações
sem que o adversário compreenda o que estou falando. Isso é, sim, um
diferencial”, disse Miller Borvão.
A equipe volta a jogar nesta terça-feira (21), às 13h30, na
Arena de Esportes da Bahia, em Ipitanga, Lauro de Freitas, contra o time da
escola Justo Chermont, do Pará.
Organização - O evento é organizado pelo Ministério do
Esporte, em parceria com o Governo do
Estado, por meio da Superintendência dos
Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), autarquia da Secretaria do Trabalho,
Emprego, Renda e Esporte (Setre), e apoio da Confederação Brasileira de Futebol
de Salão (CBFS) e da Federação Baiana de Futebol de Salão (FBS).
As partidas acontecem durante esta semana até sábado, 25, em
três equipamentos esportivos da Região Metropolitana de Salvador: a Arena de
Esportes da Bahia, em Lauro de Freitas; o Ginásio Poliesportivo de Cajazeiras,
em Salvador; e o Ginásio do SESI de Simões Filho. Os jogos iniciam às 9h e seguem durante toda a tarde. A entrada é
gratuita!